Financiamento climático e reforma de órgãos: as pautas econômicas do Brics


O Rio de Janeiro recebe entre domingo (6) e segunda (7) a Cúpula de Líderes do Brics. Este ano na presidência rotativa do grupo de emergentes, o Brasil tem uma série de prioridades que vão de tecnologias disruptivas à saúde.

No que tange pautas econômicas, duas discussões globais aparecem na agenda brasileira: o financiamento climático e a reforma do sistema financeiro internacional.

Economia mundial mais inclusiva e aberta

“Considerar a governança e a reforma dos mercados financeiros, as moedas locais, e os instrumentos e plataformas de pagamento como meio de aumentar e diversificar os fluxos comerciais, financeiros e de investimentos” é uma das diretrizes do Brics.

Para tal, o grupo busca sustentar-se em duas diretivas: a Parceria para a Nova Revolução Industrial e a Estratégia 2030 para a Parceria Econômica.

A primeira é uma iniciativa entre os membros do Brics para promover um desenvolvimento em cooperação em áreas como IA (inteligência artificial), manufatura inteligente, bioindústria e economia circular.

A segunda foi adotada pela primeira vez em 2020, sob presidência da Rússia, e atualizada na coordenação brasileira, com a ideia de aproximar a agenda econômica dos países-membro. Em maio, a atualização estabeleceu cinco prioridades para o Brics nos próximos cinco anos:

  1. Sistema multilateral de comércio;
  2. Economia digital;
  3. Comércio internacional e investimentos;
  4. Cooperação financeira;
  5. Comércio e desenvolvimento sustentável.

A avaliação do grupo é de que é essencial e oportuno fortalecer essa agenda num momento de elevada tensão comercial e guinada de discursos protecionistas.

Reforma do sistema financeiro internacional

A reforma das instituições financeiras internacionais é uma pauta que esta no cerno do grupo desde a sua criação, e deve seguir não só neste ano, mas também em 2026, sob a presidência indiana, segundo Yashvir Singh, consultor econômico do Ministério do Comércio e da Indústria da Índia.

O que se avalia é que os emergentes seguem subrepresentados em órgãos como a OMC (Organização Mundial do Comércio), o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial, cujas estruturas também ainda apresentam lacunas para atender à realidade destes países.

Necessidade reforçada em maio, é vista pelo Brics como caminho para facilitar a pauta de maior abertura e cooperação entre as economias.

“A atualização e a renovação dessa estratégia constitui importante avanço na cooperação entre os países do Brics, pois fortalece e desenvolve mecanismos que reduzem os custos de transação e facilitam os fluxos comerciais de investimentos entre os países do grupo”, afirmou Maria Laura da Rocha, secretária-geral das Relações Exteriores do Brasil, na ocasião da aprovação da declaração conjunta que renovou a Estratégia 2030 do Brics.

Financiamento climático

A Estratégica para Parceria Econômica do Brics 2030 também auxilia em outro pilar da agenda brasileira: a cooperação pela preservação do meio ambiente.

“No ano em que o Brasil sedia a COP30, afirmamos que não há desenvolvimento sem respeito à integridade ecológica, nem progresso social sem economia verde”, afirmou o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, da Indústria, do Comércio e dos Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), em maio.

Em suas metas, a presidência brasileira busca “adotar uma Agenda de Liderança Climática do Brics, incluindo uma Declaração-Quadro dos Líderes sobre Financiamento Climático visando a orientar mudança estrutural no setor financeiro”.

Na sexta-feira (4), durante reunião técnica de Finanças, com vice-ministros e representantes de bancos centrais, os membros do Brics avançaram na criação de um mecanismo próprio de garantia financeira para ações de desenvolvimento sustentável.

A tratativa alcançada aborda assuntos como transição energética, infraestrutura resiliente e promoção de renováveis no Sul Global.

Moeda comum

Outra discussão que vinha sendo abordada nas últimas reuniões do Brics, e retomada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na abertura dos eventos no Brasil, é a criação de uma moeda comum para os membros do grupo.

A ideia visa facilitar negociações entre as partes sem ter de depender do dólar ou do sistema financeiro internacional consolidado.

Contudo, o tópico é sensível e tem sido evitado nas reuniões oficiais do Brics. Além da complexidade, o motivo é o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O republicano tem reiteradamente afirmado que irá aplicar tarifas de 100% contra os países do grupo caso continuem buscando substituir a divisa norte-americana no comércio exterior.



Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/financiamento-climatico-e-reforma-de-orgaos-as-pautas-economicas-do-brics/

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