A organização criminosa por trás do esquema de fraudes no setor de combustíveis, alvo de operação de órgãos de segurança pública na manhã desta quinta-feira (28), utilizavam para seu esquema o terminal portuário PAR50, do Porto de Paranaguá (PR), mostrou as investigações.
A operação dos órgãos de segurança, segundo apuração da CNN, mira fundos de investimentos envolvidos na aquisição do terminal. Entre eles está o Atena Fundo de Investimento em Participações — que é o único cotista da Stronghold, que adquiriu a Liquipar e venceu o leilão do terminal em 2023.
A Liquipar arrematou o terminal por R$ 1 milhão num leilão realizado em 2023. O PAR50 tem cerca de 85 mil m² e capacidade para armazenar 70 mil m³ de combustíveis e outros granéis líquidos — o equivalente a 28 piscinas olímpicas.
No ano passado, a empresa que administra o terminal anunciou planos ambiciosos para expandir a movimentação do terminal. A promessa era de investir R$ 572 milhões para triplicar a capacidade de escoamento de líquidos pelo terminal, passando para 205 mil m³.
As operações ilegais da organização no terminal envolviam a importação irregular de metanol. O metanol chegava ao país pelo PAR50 com documentação que indicava destinação legítima a empresas químicas ou de biodiesel para uso industrial, mas motoristas desviavam o produto para postos de combustíveis.
As investigações detectaram que o metanol chegava a compor até 50% da gasolina vendida, superando em muito o limite de 0,5% permitido pela ANP.
Crime controla fundos
A organização criminosa por trás do esquema controla mais de 40 fundos de investimento — multimercado e imobiliários — com patrimônio de R$ 30 bilhões.
O dinheiro obtido pela organização com a fraude em diversas operações da cadeia do setor de combustível chegava aos fundos de investimento por meio de fintechs, empresas que utilizam tecnologia para oferecer serviços financeiros digitais.
Entre os bens adquiridos por esses fundos estão o terminal portuário, quatro usinas produtoras de álcool, 1.600 caminhões para transporte de combustíveis e mais de 100 imóveis — dentre os quais seis fazendas no interior do estado de São Paulo, avaliadas em R$ 31 milhões, e uma residência em Trancoso (BA), adquirida por R$ 13 milhões.
