Explosão da fábrica no Paraná: polícia descarta crime, mas destaca falhas


A Polícia Civil do Paraná concluiu nesta quinta-feira (9) o inquérito que investigava a explosão de uma fábrica de materiais explosivos que deixou nove funcionários mortos na empresa Enaex Brasil, em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, em agosto deste ano. Segundo a polícia, não houve indícios de crime doloso (com intenção) ou culposo (por negligência, imprudência ou imperícia).

As investigações apontaram falhas sistêmicas na gestão de risco da empresa e que podem ter contribuído para o acidente.

A delegada que investiga o caso destacou que o exame do relatório técnico apresentado pela empresa e do laudo pericial oficial que apurou as causas da explosão são analisados, além da avaliação das mensagens extraídas de conversas corporativas e caixas de e-mail institucionais.

A apuração também incluiu as denúncias feitas pelos próprios funcionários em uma plataforma interna da empresa e de relatórios internos de acidentes e incidentes ocorridos anteriormente.

Os registros analisados mostraram ainda que a unidade 44, na qual aconteceu a explosão, operava com equipamentos antigos, com sinais acentuados de corrosão, e que a dificuldade de controle térmico da mistura explosiva era um problema recorrente.

Em nota, a empresa Enaex reitera seu profundo pesar pelo acidente “expressamos nosso agradecimento a todos que participaram dos trabalhos de resgate e identificação
das vítimas, nas ações de apoio às famílias, colaboradores e comunidades vizinhas, assim como nas investigações relacionadas ao caso.”

“A companhia reconhece os esforços de todos os envolvidos para esclarecer os fatores relativos ao acidente, no âmbito do processo de investigação conduzido pela Delegacia da Polícia Civil, trabalho complexo e minucioso, no qual houve estrita cooperação de diversas autoridades, famílias,
colaboradores e equipe técnica da companhia.” Reiterou a empresa.

Laudo Pericial

Conforme laudo de levantamento de local elaborado pela PCIPR (Polícia Científica do Paraná), a explosão teve seu epicentro no interior do Edifício 44, denominado “Carregamento de Cargas Especiais”, no qual era realizada a produção do booster (impulsionador com maior intensidade) de um explosivo composto por pentolite — substância formada a partir da mistura entre nitropenta e trinitrotolueno (TNT).

Somadas às falhas técnicas identificadas pela investigação, as análises periciais indicam que o acidente teve como causa mais provável o atrito das pás do misturador com o pentolite parcialmente solidificado em razão das baixas temperaturas registradas naquela manhã.

Diante das provas reunidas, o inquérito policial concluiu que não houve conduta dolosa nem culposa de funcionários da empresa em relação às mortes investigadas. Como a lei penal não permite responsabilizar criminalmente pessoas jurídicas por homicídio, a Enaex Brasil não poderá responder nessa esfera. No entanto, há a possibilidade de apuração de responsabilidade nas áreas trabalhista, cível e administrativa.

A explosão

A detonação ocorreu por volta das 6h15. A capitão do Corpo de Bombeiros do Paraná Luisiana Cavalca detalhou a ocorrência e afirmou que 11 pessoas estavam no local, sendo que duas conseguiram sair e não foram atingidas.

Segundo os bombeiros, a explosão próxima à rodovia BR-116 foi acidental. 10 viaturas foram deslocadas para o atendimento à ocorrência, que contou com 50 agentes no local.

Além da corporação, equipes da Polícia Militar e da Defesa Civil do estado estiveram no local para proteger a área danificada e atender as famílias prejudicadas pela onda de choque da explosão. O secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Teixeira, também esteve presente para acompanhar os trabalhos.

A corporação também informou que três pessoas, que estavam a 200 m da área do acidente, foram atendidas com lesões leves. No local da explosão restou somente uma cratera, sem mais nenhuma edificação.



Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/sul/pr/explosao-da-fabrica-no-parana-policia-descarta-crime-mas-destaca-falhas/

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