No Dia do Médico, celebrado no mês de outubro, costumo parar por alguns instantes para refletir sobre o real significado de exercer a Medicina. Trabalho no Hospital Sírio-Libanês, instituição que prima pela excelência e inovação, mas, acima de tudo, pelo cuidado humano.
Estar aqui, no entanto, não significa viver distante da realidade da população que mais precisa. Muito pelo contrário — sempre acreditei que a Medicina só faz sentido quando é acessível, quando chega também a quem não tem recursos, quando serve para aliviar o sofrimento de todos, e não apenas de alguns.
O verdadeiro valor de ser médico
Nos últimos anos, tenho me preocupado com o rumo que parte da nova geração de médicos parece estar tomando. Vejo jovens colegas fascinados por ganhos rápidos, por especializações que prometem retorno financeiro imediato, e, muitas vezes, pouco interessados em se aprofundar no conhecimento científico, na Medicina baseada em evidências e na arte de ouvir e compreender o paciente.
Missão de servir com empatia e compromisso
A Medicina não pode ser tratada como um investimento do mercado financeiro. É uma vocação que exige constante aprendizado, empatia e compromisso com a sociedade. Especialmente no início da carreira, é essencial que o jovem médico tenha contato com a realidade dos hospitais públicos, com as pessoas que dependem unicamente do SUS, com a medicina da linha de frente — aquela que ensina humildade e reforça o propósito de servir.
Tenho orgulho de participar da formação de novos médicos, tanto no ensino quanto na residência em Clínica Médica. Acredito que o exemplo, a ética e o amor à profissão são lições que se transmitem no dia a dia, muito mais do que em qualquer sala de aula.
Que este Dia do Médico seja um convite à reflexão: que nunca percamos de vista o verdadeiro sentido de nossa missão — cuidar, aliviar e servir com ciência, consciência e compaixão.
*Texto escrito pelo clínico geral e professor doutor Alfredo Salim (CRM/SP 43163 | RQE 132808), head nacional da Brazil Health