A CPI do Crime Organizado no Senado Federal planeja uma abordagem diferenciada para investigar como detentos conseguem manter o controle de atividades criminosas mesmo encarcerados.
Em entrevista ao WW, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), relator da comissão, destaca que o foco será compreender as falhas do sistema prisional que permitem essa comunicação irregular.
“Quero ouvir quem toma conta do bandido, para que me diga por que ele consegue se comunicar e continuar controlando o crime”, afirmou o relator.
Vieira enfatiza que, diferentemente de outros diagnósticos técnicos que frequentemente ficam restritos a círculos específicos, o trabalho da CPI pretende romper barreiras e influenciar diretamente a tomada de decisões nas políticas de segurança pública.
Falhas no Sistema Prisional
O relator destaca que um dos principais problemas é a transformação de presídios em “escritórios do crime”.
Segundo ele, isso ocorre devido à falta de investimento sério no sistema prisional, permitindo que detentos mantenham comunicação com o mundo exterior e continuem coordenando atividades criminosas.
Para ilustrar a gravidade da situação, Vieira cita um exemplo recente no Rio de Janeiro, onde durante uma operação que mobilizou 2,5 mil policiais e resultou em mais de 120 óbitos, comandantes de facções conseguiram ordenar retaliações diretamente de dentro dos presídios.
Objetivos da Investigação
A CPI pretende expor problemas estruturais como corrupção e conivência que facilitam o tráfico de drogas e armas.
O objetivo é promover uma reflexão mais profunda sobre como esses itens chegam às comunidades, evidenciando que não “brotam” naturalmente nesses locais.
A expectativa é que, com a visibilidade proporcionada pela CPI, a sociedade possa compreender melhor esses problemas e cobrar ações efetivas das autoridades.
Vieira ressalta que gestores públicos que não implementarem as medidas necessárias, mesmo após as evidências técnicas apresentadas, poderão sofrer consequências nas urnas.
