A ministra do MPO (Ministério do Planejamento e Orçamento), Simone Tebet, afirmou em entrevista ao CNN Money que as novas rotas de integração sul-americana — iniciativa do governo federal junto a países vizinhos — devem dobrar o comércio no continente nos próximos dez anos.
Segundo Tebet, o cenário aparece em sondagens preliminares do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sobre o tema. Enquanto dobrar o comércio em dez anos seria o cenário “otimista”, a perspectiva “conservadora” é de 15 anos.
“Temos a capacidade de dobrar a importação e exportação com a América do Sul. Ainda estamos fazendo um estudo, mas é possível fazer isso em uma década. Mas não só isso: é possível também dobrar o fluxo de turistas, o que aquece a economia, o setor de serviços, hoteleiro, de restaurantes, bares, entre outros”, disse.
A América do Sul é hoje o continente com menor comércio “intrarregional”: apenas 15% do comércio dos países sul-americanos ocorre entre eles mesmos. Para comparação, na América do Norte o dado é de 40%; na Ásia, superior a 55%; e na Europa, acima de 60%.
Tebet acredita que entraves logísticos explicam este cenário. “A gente exporta muito mais para os Estados Unidos e para a China do que para nossos vizinhos. Temos uma avenida de oportunidade quando olhamos para a América do Sul.
Governo conclui rota sustentável
Uma das cinco rotas do plano de integração ficou pronta em novembro. O governo brasileiro finalizou o caminho que liga a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, a quatro portos localizados na costa do continente virada para o Oceano Pacífico.
Os esforços junto aos governo de Peru, Equador e Colômbia para colocar de pé a rota — que conta com hidrovias e rodovias — se iniciaram em 2023 e foram concluídos agora em novembro. A última obra que faltava e foi finalizada era a dragagem do Alto Solimões, processo que torna o trecho do rio navegável.
“Mesmo ainda não inaugurada pelo governo federal, essa rota já está funcionando. Antes ela funcionava muito precariamente. É a rota mais sustentável [do plano de integração do governo] porque ela é toda fluvial, atravessa o Rio Solimões, o Rio Madeira, o Rio Amazonas”, disse Tebet.
O momento da conclusão, em meio à COP30, é considerado marcante pelo governo, visto que um dos principais benefícios da infraestrutura será escoar produtos de bioeconomia da floresta para diferentes regiões da América do Sul e especialmente para a Ásia, pela costa do Pacífico.
“Para garantir a floresta em pé é necessário dar meios de subsistência às pessoas amazônicas. A rota estimula que as cooperativas, que vão do pescado ao coco, do coco ao açaí, do açaí à borracha, possam ter maior competitividade. Essa rota tem um único objetivo: cortar caminho”, disse.
