O mofo costuma ser percebido como um incômodo visual, uma mancha indesejada que estraga paredes e roupas. Mas a verdade é que ele representa um problema muito maior e muitas vezes subestimado.
Em ambientes úmidos, mal ventilados ou com infiltrações, o mofo se multiplica rapidamente e libera partículas capazes de desencadear alergias, agravar doenças respiratórias e reduzir a qualidade do ar. Em ambientes corporativos, a Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 30% dos edifícios apresentam características da Síndrome do Edifício Doente, condição em que os ocupantes passam a apresentar sintomas como irritação nos olhos, alergias, dor de cabeça, cansaço, dificuldade de concentração e problemas respiratórios sempre que estão dentro do ambiente.
Esses sintomas melhoram ou desaparecem ao sair. Essa síndrome está associada à má ventilação, ao acúmulo de poeira, a compostos químicos no ar e à presença de fungos, entre eles o mofo, um dos sinais mais comuns desse cenário. Entender os riscos é o primeiro passo para evitar danos à saúde e ao ambiente.
Por que o mofo faz tão mal e quem sofre mais com ele
O mofo é formado por colônias de fungos que se espalham no ar por meio de esporos microscópicos. Essas partículas, invisíveis a olho nu, são facilmente inaladas e se tornam gatilho para crises de rinite, sinusite, tosse persistente, alergias respiratórias e asma. Pessoas com rinite alérgica, crianças pequenas, idosos e indivíduos com imunidade mais baixa costumam sentir os efeitos de forma mais intensa.
Os sintomas podem parecer comuns, mas escondem conexões diretas com a presença de fungos. Nariz congestionado ao acordar, irritação nos olhos, aumento da tosse noturna, cheiro forte de umidade em armários e manchas que voltam sempre ao mesmo lugar são sinais de alerta. Em casos mais severos, o mofo pode contribuir para infecções respiratórias recorrentes e até quadros inflamatórios mais amplos, especialmente em quem já apresenta doenças alérgicas.
Além da saúde, o mofo também afeta o ambiente físico. Ele deteriora reboco, tinta, madeira, tecidos e livros. Com o tempo, compromete a estrutura das paredes e reduz o valor de mercado de imóveis. Ou seja, o problema atinge tanto o bem-estar quanto o patrimônio.
Como eliminar o mofo e prevenir que ele volte
A prevenção começa com medidas simples do dia a dia. Ventilar os cômodos diariamente, não arrumar a cama imediatamente ao se levantar (pois o colchão ainda está quente e úmido), evitar que os móveis fiquem colados às paredes, abrir armários e gavetas regularmente e permitir a entrada de luz natural ajudam a reduzir a umidade e dificultam a proliferação de fungos. Ambientes fechados por longos períodos, como quartos sem circulação de ar ou banheiros sem janela, são os mais propensos a apresentar mofo.
Quando o problema já está instalado, recomenda-se identificar a causa da umidade. Infiltrações, goteiras, vazamentos e paredes com isolamento inadequado precisam ser corrigidos para que o mofo não volte. A limpeza com água sanitária ou produtos antifúngicos não é suficiente, sendo necessários reparos estruturais e repintura com tinta antimofo.
Também existem aparelhos purificadores de ar que ajudam a controlar a umidade relativa, especialmente em regiões muito úmidas ou em imóveis com pouca incidência de sol. O mofo não deve ser tratado como algo simples ou inevitável. Ele sinaliza que o ambiente está doente e que o ar respirado diariamente está comprometido. Com atenção aos sinais, intervenções corretas e pequenas mudanças na rotina, é possível transformar qualquer casa em um espaço mais seguro, saudável e confortável para viver.
*Texto escrito pela médica Natasha Rebouças Ferraroni (CRM 13.749 DF | RQE 11230), especialista em Alergia e Imunologia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), doutura pela USP (Universidade de São Paulo), membro titular da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia e membro da Brazil Health
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/mofo-em-casa-como-se-proteger-do-perigo-invisivel-que-adoece/
