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O leilão do túnel Santos-Guarujá, um dos maiores projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), foi realizado nesta sexta-feira (5) com a vitória da construtora portuguesa Mota-Engil. A empresa, que possui 32% de participação societária da gigante chinesa CCCC (China Communications Construction Company), uma das maiores empresas de engenharia do mundo, venceu a disputa que teve baixa concorrência. A análise é do diretor de Jornalismo da CNN em Brasília, Daniel Rittner, no CNN Prime Time.

A Mota-Engil, embora não tenha histórico relevante em projetos de infraestrutura no Brasil, adquiriu recentemente a empreiteira mineira ECB, que possui experiência em obras de mobilidade urbana e prestação de serviços na área de óleo e gás.

No entanto, a empresa portuguesa tem um histórico de envolvimento com corrupção em obras na África. A CCCC firmou uma das maiores parcerias público-privadas do Brasil para a construção da ponte que liga Salvador à ilha de Itaparica, na Bahia.

Empresas nacionais desistiram do projeto, alegando dificuldades de acesso a financiamento do BNDES. Além disso, empresas europeias como TEC Tunnel e Ballast Nedam, que haviam sido consultadas anteriormente, não demonstraram interesse em participar do leilão, ao contrário do que foi mencionado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O vice-presidente, Geraldo Alckmin, também não foi completamente preciso em todas as suas falas durante o evento. Alckmin afirmou que o leilão só foi necessário porque o Porto de Santos não havia sido privatizado. Porém, foi o governo Lula (PT) que decidiu suspender a privatização e implementar um novo modelo.

Houve pouca disputa e muita política, boa política, de adversários que mostraram que não é preciso ser rivais o tempo todo. Tarcísio roubou a cena, enquanto a grande ausência foi a do presidente Lula.

Projeto centenário

A história do projeto remonta a 1927, quando o governador Júlio Prestes apresentou pela primeira vez a ideia de um túnel. Ao longo das décadas, o projeto alternou entre propostas de túnel e ponte, passando por diversos governos. Em 1940, Prestes Maia sugeriu uma ponte levadiça no estilo da Tower Bridge londrina. O projeto ficou engavetado por 60 anos até que, em 2005, foi contratado um projeto básico para uma ponte.

Já em 2010, José Serra apresentou outro projeto que foi abandonado. Em 2013, Alckmin mudou o projeto e voltou para a ideia de Júlio Prestes, em seguida, durante o governo de João Doria voltou-se a discutir sobre a ponte. Durante o governo Bolsonaro, Tarcísio coloca projeto como contrapartida à privatização do Porto de Santos, que foi derrubado no governo Lula.

O investimento total previsto é de 6,8 bilhões de reais, com aportes divididos entre União, governo estadual de São Paulo e setor privado. A obra, que promete resolver um gargalo histórico de infraestrutura na região, tem previsão de início em 2026, com a preparação dos canteiros de obras.



Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/analise-leilao-do-tunel-santos-guaruja-teve-pouca-disputa-e-muita-politica/

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