Para muitos brasileiros, o café não é apenas uma bebida, é quase um ritual e um combustível para começar bem o dia ou enfrentar tarefas que exigem mais concentração. Apesar da popularidade do famoso “cafezinho”, a cafeína pode trazer alguns malefícios. Como alternativa, surge o café descafeinado, uma ótima opção para aqueles que não desejam abandonar a bebida.
No entanto, vem a dúvida: como tirar a cafeína do café? A resposta está em processos químicos e físicos complexos, que evoluíram tecnologicamente com o passar dos anos.
Por que optar pelo café descafeinado?
A cafeína é considerada um estimulante, graças as propriedades que afetam o sistema nervoso central. “Ela funciona como bloqueador da ação de um neurotransmissor chamado adenosina, o que faz com que você se sinta mais alerta e menos sonolento”, explica a nutricionista Ramiele Calmon, mestre em segurança alimentar, em outra matéria para a CNN.
Mesmo tendo efeitos positivos para quem deseja permanecer em alerta, o consumo excessivo de cafeína pode alterar o funcionamento do organismo. Alguns efeitos colaterais são:
- Dificuldade para dormir;
- Ansiedade e nervosismo;
- Aumento dos batimentos cardíacos e taquicardia;
- Dores de cabeça;
- Sintomas de abstinência.
Para evitar essas consequências do consumo excessivo de cafeína, surge o café descafeinado. Ele permite manter o hábito, mas sem a mesma carga estimulante do café comum.
Como remover a cafeína do café descafeinado?
Remover a cafeína do tradicional café é uma tarefa que exige um certo nível de complexidade. Nesse sentido, de acordo com um artigo publicado na revista científica Critical Reviews in Food Science and Nutrition são utilizados alguns métodos que podem envolver solventes químicos, dióxido de carbono ou água.
Método com solvente
Nesse processo, há duas formas de aplicação, a extração direta e a indireta. Na direta, os grãos verdes são expostos ao vapor para aumentar a umidade e abrir os poros, permitindo que o solvente, como cloreto de metileno ou acetato de etila, penetre e dissolva a cafeína. Depois, o café é aquecido para eliminar qualquer resíduo químico e o excesso de água.
Já na extração indireta, os grãos são mergulhados em água quente, que remove a cafeína junto com compostos de sabor. Essa água é então tratada com solvente para retirar apenas a cafeína e, em seguida, devolvida aos grãos para que readquiram seu perfil aromático. O cloreto de metileno foi amplamente usado até meados dos anos 1970, mas passou a ser substituído, sobretudo pelo acetato de etila, um composto presente naturalmente em frutas e no próprio café.
Método com dióxido de carbono
Nesse processo, os grãos verdes são umedecidos até cerca de 50% de umidade e colocados em um extrator de aço inoxidável sob alta pressão, onde recebem CO₂ em estado supercrítico. Nessa condição, o gás se comporta como um líquido, penetrando profundamente nos grãos e dissolvendo a cafeína.
O CO₂, então, passa por um sistema com água que retém a cafeína, sendo recirculado e reutilizado. O método preserva muito bem o sabor e o aroma, não deixa resíduos químicos e apresenta perdas mínimas de compostos importantes, mas exige um investimento elevado e infraestrutura avançada.
Swiss Water Process
Esse método é totalmente livre de solventes químicos. Nele, os grãos verdes são mergulhados em água quente, liberando cafeína e compostos de sabor. A água passa por um filtro de carvão ativado, que retém apenas a cafeína. Essa “água carregada de sabor” é reutilizada para descafeinar novos lotes de grãos, garantindo que os compostos aromáticos originais não se percam. O resultado é um café descafeinado que mantém seu sabor rico e encorpado, sendo 100% livre de químicos.
Mantendo o hábito com o café descafeinado
Com métodos tecnológicos, os cafés descafeinados já garantiram seu lugar entre os que não renunciam ao sabor, mas que desejam manter-se longe dos efeitos indesejados do café. As tecnologias de descafeinação garantem que o hábito tão comum entre os brasileiros continue vivo, priorizando o bem-estar.