Deputados da base de Lula repercutem novas tarifas de Tump

Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma nova tarifa de 50% sobre os produtos importados do Brasil, deputados da base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usaram o plenário da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (9), para criticar a ação que entra em vigor a partir de 1º de agosto.

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), cobrou um posicionamento de autoridades que apoiam Trump. “Eu quero saber do seu Bolsonaro, do seu Tarcísio [de Freitas, governador de São Paulo], do seu Nikolas [Ferreira, deputado federal] se vão usar bonézinho do MAGA de novo, se vão ser traidores da pátria novamente”, disse.

“Patriotas da Shoppe, agora vão ter que decidir se estão do lado do Trump ou do Brasil. E, aliás, essa taxa do Trump já tem nome se ele disse que é por causa do Bolsonaro, é a ‘Taxa Bolsonaro’, prosseguiu.

Segundo a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), a decisão de Trump não tem precedentes e acaba por prejudicar Bolsonaro de forma indireta, uma vez que sua base de aliados é do setor do agronegócio.

“Achando que está atacando o presidente Lula, que está atacando o Supremo Tribunal Federal, está construindo um prejuízo para o próprio Bolsonaro, afinal de contas está mexendo com setores da economia que em tese são a sua base de apoio, que são aqueles que exportam café, leite, açúcar e em sua maioria estão no estado de São Paulo, aí eu pergunto cadê o governador Tarcísio, o que é que vai dizer para os produtores do seu estado”, declarou Sâmia.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que ao anunciar a nova tarifa, Trump tentou “invadir a soberania” do Brasil “em nome da defesa de um criminoso”.

“Trump acha que prejudicando os produtores vai conseguir intimidar o STF, não irá. O Supremo tem independência o suficiente para continuar o seu julgamento com indecência e com lisura. E o bolsonarismo precisa ser responsabilizado publicamente por estar articulando lá fora um crime de lesa prática com sanções à economia”, afirmou.

Feghali lembrou ainda que a campanha por sanções ao ministro Alexandre de Moraes é uma ação encampada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), que está licenciado nos EUA.

“O bolsonarismo será responsabilizado por um usar correspondente lá fora, que é deputado e se diz patriota e faz [coisas] contra o Brasil.”

Enquanto repercutiam a ação de Trump, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos), mediava a sessão de votação do projeto de lei que prevê a criação de novos cargos no STF.

Oposição repercute

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), usou a tribuna para defender que parlamentares brasileiros aliados a Trump não estão contra a soberania brasileira.

“Pelo contrário, quem não defende a soberania do nosso país é quem aplica imposto para o seu próprio país. Quem é pior? Quem está aplicando uma sanção econômica em outro país para defender a liberdade ou quem como o Haddad [ministro da Fazenda], ou PT aplica em seu próprio povo.”

O uso da sessão para comentar a decisão do presidente estadunidense irritou inclusive deputados de oposição ao governo.

Zé Trovão (PL-SC) reclamou da quantidade de discursos sobre a taxa, atrapalhando a votação da ordem do dia. “Tudo é Bolsonaro. A paixão por Bolsonaro é grande nessa casa. Ou é Bolsonaro, ou é Trump.”