Flávia Loss, professora de Relações Internacionais do Instituto Mauá de Tecnologia, apontou que há fortes indícios de que os Estados Unidos realizarão algum tipo de ação militar na Venezuela. Em entrevista ao CNN Arena, a especialista destacou que há atualmente cerca de 15 mil militares americanos estacionados no Mar do Caribe, próximo ao território venezuelano.
“O que tudo tem indicado é que nós teremos algum tipo de ação militar dos Estados Unidos”, afirmou Loss. A especialista ressaltou que este é o maior deslocamento de frotas americanas desde a crise dos mísseis de Cuba em 1962, o que representa uma clara demonstração de força militar por parte dos EUA, mesmo após diálogos diplomáticos com o governo venezuelano.
Apesar das movimentações militares, Loss destacou a falta de transparência sobre os planos americanos. “A gente não tem uma declaração oficial do governo americano sobre o que eles estão planejando”, observou. A professora mencionou que o Congresso dos Estados Unidos já está cobrando respostas do poder executivo sobre as intenções militares na região, algo esperado em um sistema democrático.
Ameaças ampliadas e combate ao narcotráfico
A especialista comentou sobre as recentes declarações do presidente Donald Trump, que mencionou que qualquer país envolvido com tráfico de drogas para os Estados Unidos poderia ser alvo de ações militares. “Isso é uma ameaça direcionada a qualquer um”, explicou Loss, destacando que as rotas de narcotráfico para os EUA já são conhecidas há muito tempo, sendo a fronteira com o México a principal porta de entrada.
Loss criticou a abordagem puramente militar para o combate ao narcotráfico, defendendo que seria mais eficaz uma cooperação internacional envolvendo ações de inteligência. “A força militar exclusivamente não resolve esse tipo de questão”, afirmou. “Você precisa principalmente de ações de inteligência justamente para desmembrar as redes de tráfico”, completou.
Contexto eleitoral e riscos de conflito prolongado
A professora também analisou o contexto político interno dos Estados Unidos, lembrando que Trump fez promessas de campanha de não envolver o país em conflitos prolongados de baixa intensidade, como foram os casos do Afeganistão e do Iraque. No entanto, segundo Loss, a Venezuela tem potencial para se tornar exatamente esse tipo de conflito.
“A tendência é que fique muito tempo numa situação de conflito, fora o risco disso desabar numa perda de controle estatal, que é o maior problema que a gente enxerga aqui do ponto de vista da América Latina”, alertou. A especialista sugeriu que a postura de Trump pode ser uma tentativa de agradar a base latina de eleitores, que é muito contrária ao governo venezuelano, mas advertiu que “esse tiro pode sair pela culatra, caso os Estados Unidos se envolvam num conflito desse tipo aqui na Venezuela”.
