Na trama de “Três Graças”, Gabriela Loran, 32, dá vida a farmacêutica Viviane, uma personagem generosa e querida por todos aqueles que a cercam. Profissional exemplar, ela é responsável pela distribuição de remédios aos moradores da Chacrinha, mesmo sem saber que as medicações da fundação de Santiago Ferette (Murilo Benício) são falsos.
Melhor amiga de Gerluce (Sophie Charlotte) desde a escola, época em que ainda não havia iniciado sua transição de gênero, ela passa grande parte do dia dedicada ao trabalho. Aos poucos, no entanto, ela se permitiu conhecer Leonardo (Pedro Novaes), jovem herdeiro e filho do executivo.
Antes mesmo da estreia da novela, o ship batizado de #ViLeo rapidamente viralizou no X, antigo Twitter. À CNN, a atriz conta que não teve dúvidas de que a parceria com o ator daria certo. “Ele é sensível, atento, de muita troca, e que está disposto a me ouvir, aprender e jogar comigo também”.
“Desde a preparação, quando começamos a fase de proximidade, tivemos química para nos entender, nos escutar e querer fazer dar certo. Quando fomos para as cenas, era mais gostoso ainda. A cada momento, íamos descobrindo coisas novas. A história deles vai sendo costurada de forma muito legal”, acrescenta.

Gabriela diz ainda que teve muita liberdade com o autor, Aguinaldo Silva, e o diretor, Luiz Henrique Rios, principalmente para alterar questões pontuais no texto e potencializar a vivência de quem sabe, na pele, o que é ser trans em um país como o Brasil.
“Eu fiquei confortável de criar e me respeitar. Muitas coisas que surgiram no texto a priori eu ficava assim: ‘Cara, eu não posso fazer isso’. Mas, de repente, pensei: ‘Cara, mas é importante que as pessoas vejam como acontece, é importante que as pessoas vejam como a transfobia, independentemente da forma que seja, perpassa essa história e esse corpo”, diz.
“Quero contar a história da Viviane no lugar da honestidade”
Com a exibição da primeira cena, quando Viviane e Leonardo se encontraram no elevador da fundação, Gabriela recorda que as redes sociais ficaram ensandecidas. “As pessoas já estavam na expectativa para esse dia, e quando chegou, foi delicioso. O feedback do público tem sido diário, momentâneo. Eu assisto a novela lendo o que me escrevem”, revela.
“A gente está fazendo tudo com muito amor. Eu quero contar essa história da Viviane nesse lugar honesto e humano, quero que as pessoas possam falar: ‘Nossa, ela parece com a minha filha. Ela podia ser a minha irmã, minha tia. Eu quero construir essa história e eu estou construindo esse lugar”, reflete.

Longe das tramas esterotipadas para personagens LGBTQIA+ nas telas, Gabriela reforça ainda que, embora a transfobia seja inerente, nunca irá ditar a sua história. “Eu nunca vou deixar que a transfobia, que o ódio, dite o que estou fazendo e para quem eu estou falando. Eu sei que o trabalho que eu estou desenvolvendo nessa novela e que vai ser um divisor de águas na minha vida enquanto atriz”.
“Outro dia, li no Twitter algo muito legal que dizia ‘Gabriela não está fazendo história, ela está reescrevendo os novos padrões da teledramaturgia. Quando ela faz uma personagem que foge de todos os estereótipos, ela está rompendo isso”, conclui.
