Nos Estados Unidos, o governo de Donald Trump tem sondado empresas petroleiras americanas se há interesse em retornar à Venezuela depois que o ditador Nicolás Maduro deixar o poder.
A apuração é do POLITICO, que cita quatro fontes familiarizadas com as discussões.
Segundo o jornal digital americano, até o momento a resposta do setor é um sonoro “não”.
A reportagem destaca que essa aproximação do governo com a indústria petrolífera é o mais recente sinal dos planos da Casa Branca para uma Venezuela pós-Maduro.
Segundo representantes do setor e analistas ouvidos pelo POLITICO, a baixa do preço do petróleo nos últimos anos – impulsionada pelo excesso de oferta – faz com que as empresas americanas não queiram correr o risco de “investir pesadamente nas instalações petrolíferas venezuelanas em ruínas, que o ex-ditador Hugo Chávez confiscou décadas atrás”.
Na terça-feira (16), por exemplo, o Petróleo fechou em seu nível mais baixo desde fevereiro de 2021.
“Houve um início de conversas com a indústria sobre o potencial de retorno à Venezuela. Mas, francamente, não há muito interesse por parte da indústria, tendo em vista os preços mais baixos do petróleo e a existência de campos mais atrativos em todo o mundo”, disse uma fonte ao jornal.
“Não é tão simples convencer as empresas a arriscar capital em um ambiente político incerto”, declarou outra fonte.
Outras duas fontes relataram que o governo Trump deu início a essas conversas com o setor recentemente.
Esse esforço estaria sendo liderado pelo Departamento de Estado americano, com apoio de Evanan Romero, ex-executivo da estatal venezuelana PDVSA (Petróleos de Venezuela) que atualmente trabalha como consultor do setor, em Houston, nos EUA.
Romero afirmou ao POLITICO que a iniciativa envolveu uma reunião em Washington, que ele não participou, liderada pelo secretário de Energia americano, Chris Wright, e representantes da Exxon e da ConocoPhillips, além de um grupo de opositores venezuelanos.
Ele afirmou que a Exxon e a ConocoPhillips expressaram preocupação com a dívida que têm referente às suas operações anteriores na Venezuela, e os representantes venezuelanos mencionaram a possibilidade de assumir o controle de outros campos para compensar a dívida.
Romero disse que o secretário de Energia incentivou as empresas “a chegarem a um entendimento e resolverem seus problemas pendentes ao longo do processo”, mas deixou claro que o governo Trump gostaria de ver mais petróleo venezuelano chegando às refinarias americanas.
“’Precisamos desses barris — essa é uma mensagem importante do governo”, disse Romero.
O POLITICO pontuou que Chevron, Exxon, ConocoPhillips, Halliburton, Schlumberger, Weatherford International e Baker Hughes operavam na Venezuela no início dos anos 2000, quando Hugo Chávez tentou obrigá-las a ceder participações majoritárias em seus projetos para a PDVSA e confiscou os ativos das empresas que resistiram.
