Hormônios afetam saúde mental da mulher desde infância, diz médica a Kalil


Transtornos psiquiátricos como ansiedade, depressão e síndrome do pânico estão entre os mais frequentes da atualidade, mas atingem de forma desigual homens e mulheres. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mulheres são quase duas vezes mais propensas a sofrer de depressão do que os homens.

A sobrecarga de tarefas, a desigualdade de gênero e a violência doméstica estão entre os fatores que mais pesam na saúde mental feminina, mas também existem questões hormonais. O tema será discutido no “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” deste sábado (25).

No episódio inédito, Dr. Roberto Kalil recebe Rita de Cássia de Maio Dardes, professora do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e Joel Rennó Jr., diretor do ProMulher – Programa Saúde Mental da Mulher do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo Dardes, as alterações hormonais que acompanham a mulher desde a infância podem impactar o equilíbrio emocional. “Desde o período pré-puberal já há pequenas oscilações hormonais, especialmente dos estrogênios e andrógenos. Com a primeira menstruação, ocorre uma explosão hormonal que pode desencadear sintomas de irritabilidade e variações de humor. Cerca de 8% das meninas podem apresentar o transtorno disfórico pré-menstrual, uma TPM exacerbada causada pela hipersensibilidade às mudanças hormonais”, afirma.

Ela também destaca que questões reprodutivas têm peso significativo sobre o bem-estar psicológico: “A infertilidade é o calcanhar de Aquiles de muitas mulheres. Mesmo quem não deseja engravidar pode sentir angústia ao descobrir que não pode. A OMS reconhece a infertilidade como uma condição que impacta profundamente a saúde mental — 40% das mulheres inférteis apresentam distúrbios de ansiedade ou depressão”, completa.

Outro ponto de destaque é o período da gestação e do pós-parto, fase em que muitas mulheres enfrentam desafios silenciosos: “A gravidez não protege de quadros de depressão e ansiedade. Apenas 14% das gestantes com depressão são diagnosticadas, e 60% dos casos de depressão pós-parto têm origem em quadros não tratados durante a gestação. É preciso romper o mito de que esse é um momento apenas de felicidade e garantir acompanhamento psicológico adequado”, reforça Rennó Jr.

Já na menopausa e no climatério — período de transição que marca o fim da fase reprodutiva da mulher e antecede a menopausa, caracterizado pela queda gradual dos hormônios femininos —, as oscilações hormonais também afetam o equilíbrio emocional, segundo os especialistas.

Saúde mental feminina é atravessada por fatores sociais, diz médico

Além das questões hormonais e reprodutivas, fatores sociais também têm peso importante no bem-estar mental das mulheres, incluindo o ambiente familiar e a pressão estética, conforme aponta Rennó Jr.

“Nem tudo é biológico, nem tudo é genético. Questões ambientais têm papel fundamental. Muitas mulheres que atendemos no ProMulher têm histórico de abuso, negligência ou violência na infância e adolescência. Além disso, nas redes sociais, há uma pressão intensa pelo corpo perfeito, o que aumenta o risco de transtornos alimentares, como anorexia e bulimia”, afirma.

Rennó também chama atenção para o impacto das redes sociais entre adolescentes: “É importante que pais e responsáveis observem mudanças bruscas de comportamento, isolamento, queda no rendimento escolar e o uso excessivo do celular. A adolescência é uma fase de vulnerabilidade, e a exposição a drogas, bullying e padrões inalcançáveis nas redes pode desencadear quadros de ansiedade e depressão.”

O “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” vai ao ar no sábado, 25 de outubro, às 19h30, na CNN Brasil.



Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/hormonios-afetam-saude-mental-da-mulher-desde-infancia-diz-medica-a-kalil/

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