O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, na madrugada desta sexta-feira (24), que a autorização para perfuração de poços na Margem Equatorial não contraria os compromissos ambientais do Brasil.
Segundo ele, a exploração de petróleo na região poderá financiar a transição energética do país.
A declaração foi dada durante coletiva de imprensa na Indonésia, após Lula ser questionado sobre o impacto da medida às vésperas da COP30.
“O Brasil quer mostrar ao mundo que é um dos países que mais têm energia renovável. Pegamos autorização apenas para pesquisa na Margem Equatorial, e entre pesquisar e tirar petróleo leva muito tempo. Será necessária nova licença para qualquer outra etapa”, disse Lula.
O presidente também defendeu a Petrobras e minimizou riscos ambientais:
“A Petrobras tem expertise em águas profundas e não tem histórico de vazamento. Enquanto o mundo ainda precisar de combustível fóssil, não vamos abrir mão de uma riqueza que pode melhorar a vida do povo brasileiro”, afirmou.
Petróleo e energia limpa
Lula argumentou que a exploração não impede a agenda ambiental brasileira e disse que os recursos do petróleo podem acelerar investimentos em energia limpa.
“Queremos usar o dinheiro do petróleo para consolidar a transição energética. A Petrobras vai, aos poucos, deixar de ser só uma empresa de petróleo para ser uma empresa de energia”, completou.
O presidente destacou ainda que 87% da matriz elétrica brasileira é limpa e que o país seguirá ampliando fontes renováveis.
Margem Equatorial
A perfuração na Margem Equatorial começou após o Ibama conceder licença ambiental à Petrobras na última segunda-feira (20). A operação ocorre a cerca de 170 km da costa do Amapá, na bacia da Foz do Amazonas, considerada uma das novas fronteiras petrolíferas do país.
Estudos do governo estimam até 10 bilhões de barris de petróleo na região. A área é estratégica para repor reservas e evitar queda na produção a partir de 2031. Não há produção neste momento, a fase atual é apenas de pesquisa geológica.
Debate ambiental
O projeto enfrenta forte resistência de organizações ambientais e parte da comunidade científica, que alertam para riscos à biodiversidade marinha e possíveis impactos na foz do Amazonas. O Ibama condicionou a autorização ao cumprimento de protocolos rigorosos de segurança.
A Petrobras afirma que a operação segue padrões internacionais e terá monitoramento permanente e sistemas de contenção em caso de acidente.
(Com informações de Caio Junqueira, da CNN Brasil)
