Mudanças climáticas: 42% dos brasileiros sentem impactos na saúde mental


As mudanças climáticas causam efeitos que vão além do impacto ambiental e na saúde física. Cerca de 42% dos brasileiros sentem ou já sentiram algum impacto na saúde mental relacionado ao clima, de acordo com a 4ª Coleta do Panorama de Saúde Mental.

O relatório foi publicado nesta segunda-feira (3), em uma parceria entre o Instituto Cactus e a AtlasIntel. A pesquisa ouviu 10 mil pessoas maiores de 16 anos de todas as regiões do Brasil.

Segundo o levantamento, entre os efeitos emocionais mais citados em relação à crise climática, 58% afirmam sentir-se nervoso(a), ansioso(a) ou inquieto(a), 51% sentem medo e 44% preocupam-se demais com o assunto. Pensamentos recorrentes também aparecem com frequência, como não conseguir parar de pensar nas perdas ambientais (48%), nas mudanças climáticas futuras e em outros problemas globais (42%) ou em eventos passados (41%).

No cotidiano, 34% afirmam ter dificuldades para dormir, 35% em trabalhar ou estudar e 33% em aproveitar momentos sociais com familiares e amigos. Entre 34% e 36% também relatam ansiedade sobre a própria responsabilidade ou o impacto de suas ações na solução de problemas ambientais.

No entanto, parte dos respondentes afirma não sentir medo (50%) ou preocupação excessiva (55%) em relação à crise climática, o que sugere que, embora o tema de ansiedade climática seja emergente, não provoca sofrimento emocional contínuo para uma parcela dessas pessoas, na visão dos pesquisadores.

De forma semelhante, uma proporção expressiva também declara não sentir ansiedade em relação à própria responsabilidade ou ao impacto individual no planeta (63% e 66%, respectivamente).

Além disso, a pesquisa também mostrou que as mudanças climáticas são sentidas diretamente no cotidiano dos respondentes: 74,3% afirmam ter vivenciado as consequências de um evento climático extremo, como queimadas, enchentes, tempestades ou ondas de calor.

O relatório aponta, ainda, que 77,2% dos respondentes relatam frustração diante da atuação dos poderes públicos ou da falta de consciência da população em relação às mudanças climáticas.

Mulheres se preocupam mais com as mudanças climáticas

A pesquisa também fez uma análise por gênero e idade e revelou que 47,4% das mulheres se preocupam diariamente com mudanças climáticas, comparado a apenas 27,9% dos homens. No extremo oposto, 18,2% dos homens nunca se preocupam com o tema, contra apenas 10,3% das mulheres.

A experiência direta com extremos climáticos também é mais comum entre as respondentes do sexo feminino: 79,2% das mulheres já viveram episódios de enchentes e ondas de calor, enquanto essa experiência foi vivida por 69% dos homens.

Essa diferença se reflete também na saúde mental, com 49,2% das mulheres relatando consequências psicológicas, frente a 34,3% dos homens. Além disso, 47,2% das mulheres relatam ansiedade climática, em comparação com 26,2% dos homens.



Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/mudancas-climaticas-42-dos-brasileiros-sentem-impactos-na-saude-mental/

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