Um homem incendiou a porta de uma sinagoga e um grupo de manifestantes invadiu um restaurante israelense em Melbourne na noite de sexta-feira (4). Ambos os ataques marcam uma onda de antissemitismo em cidades australianas.
Cerca de 20 pessoas estavam dentro da sinagoga, no centro de East Melbourne, quando um homem derramou um líquido inflamável na porta da frente do local antes de atear fogo, informou a polícia estadual de Victoria.
O grupo estava jantando no Shabat, marcando o início do dia de descanso judaico, quando o ataque ocorreu às 20h, no horário local (7h no horário de Brasília), escreveu Alex Ryvchin, co-CEO do ECAJ (Conselho Executivo do Judaísmo Australiano, na sigla em inglês) no X.
Ninguém ficou ferido e os bombeiros apagaram o pequeno incêndio, informou a polícia, acrescentando que o autor, que permanece não identificado, fugiu do local.
A pouco mais de 1 quilômetro a oeste, na Hardware Lane – uma das áreas mais populares da cidade para restaurantes – cerca de 20 manifestantes invadiram um restaurante israelense gritando palavras de ordem, informou a polícia. Um homem de 28 anos foi preso por atrapalhar a ação policial e foi liberado após ser intimado.
O grupo gritava “Morte às Forças de Defesa de Israel” antes de chegar ao restaurante, informou a afiliada da CNN, Nine News, citando testemunhas.
Funcionários do restaurante Miznon – inaugurado no centro comercial israelense de Tel Aviv em 2011, antes de abrir uma filial em Melbourne – reconheceram o incidente quando contatados pela CNN.
Em entrevista coletiva, a comandante interina Zorka Dunstan, da polícia estadual de Victoria, disse que os policiais também estavam investigando um terceiro ataque na manhã deste sábado (5), no qual três carros foram incendiados perto de um estabelecimento comercial no subúrbio de Greensborough, no nordeste do país.
Suspeitos picharam os carros e as paredes dos prédios, disse ela, acrescentando que o estabelecimento já foi alvo de manifestantes pró-Palestina no passado.
A unidade de investigação de segurança, parte do comando antiterrorismo, está investigando todos os incidentes, embora a polícia ainda não tenha declarado se eles constituem um ato de terrorismo, disse Dunstan.
“Examinaremos a intenção e a ideologia das pessoas envolvidas”, completou a comandante.
Judeus que vivem na Austrália estão preocupados com os ataques
Muitos dos 117 mil judeus da Austrália estão ansiosos após a onda de ataques antissemitas nas duas maiores cidades do país, Sydney e Melbourne, desde o final do ano passado – incluindo incêndios criminosos em sinagogas e suásticas rabiscadas em prédios e carros.
Os últimos ataques foram condenados por autoridades e líderes comunitários. Denunciando o ataque à sinagoga neste sábado (5), a premiê de Victoria, Jacinta Allan, disse que ele foi “planejado para destruir a paz e traumatizar famílias judias”.
“O fato de ter acontecido no Shabat torna tudo ainda mais repugnante”, acrescentou Allan, observando que crianças e mulheres estavam entre as pessoas presentes no local.
“Qualquer ataque a um local de culto é um ato de ódio, e qualquer ataque a um local de culto judaico é um ato de antissemitismo”, completou a premiê.
O prefeito de Melbourne, Nicholas Reece, descreveu o ataque como “chocante”, de acordo com o Nine News.
“Não posso condenar esse tipo de comportamento com mais veemência, esta é uma cidade de paz e tolerância, e não toleraremos isso”, disse ele.
Ryvchin, do ECAJ, insistiu a nação a condenar “esses crimes deploráveis”.
“Os responsáveis não podem ser apaziguados nem apaziguados. Eles devem ser confrontados com toda a força da lei”, escreveu Reece no X.